
O futebol é imprevisível, mas há verdades que são difíceis de tornear. Como por exemplo a que nos diz que os chamados “big four” ingleses são claramente de outro campeonato, motivo pelo qual, desde a primeira hora, sempre me mostrei bastante céptico face a esta eliminatória.
O sonho europeu do Benfica caiu no momento em que, num sorteio onde estavam Fulham, Standard de Liége, Wolfsburgo, e mesmo Atlético de Madrid, lhe apareceu pela frente a mais poderosa das equipas em prova. Não fora assim e a presença numa final europeia era uma séria possibilidade, e poderia mesmo tornar-se numa aposta firme e empenhada de toda a estrutura do clube. Com Torres, Kuyt, Gerrard e companhia pela frente, restava esperar por pouco mais que um milagre, tentando ao mesmo tempo fazer da ocasião uma grandiosa festa – aspecto que o jogo da primeira-mão assegurou em pleno.
O milagre não aconteceu. Conforme o próprio Jesus previra, grande parte dos jogadores encarnados surgiu nesta partida em condições físicas muito débeis, e esse acabou por ser um dado determinante no seu desfecho final. Faltou também uma pontinha de sorte em momentos chave, como naquela oportunidade desperdiçada à beira do intervalo, como numa ou noutra bola perdida em lances de superioridade numérica. Creio mesmo que uma coisa estará intimamente ligada com a outra, pois o desgaste, mais do que nas pernas, nota-se sobretudo na cabeça.
Não adianta especular sobre o que poderia ter sido este jogo com Quim na baliza, e David Luíz no eixo central da defesa. Todas as críticas são legítimas, mas raia o absurdo apontar culpas às opções de um homem que, em apenas alguns meses, revolucionou o futebol do Benfica. Jorge Jesus merece todo o crédito, e decerto saberá porque motivo deixou Fábio Coentrão tanto tempo no banco, porque motivo substituiu Carlos Martins (que parecia um dos mais frescos), e porque não retirou um dos centrais (necessariamente Sidnei, sem ritmo) a partir do momento em que a eliminatória tomou tonalidades mais sombrias. Não percebi nenhuma dessas opções, mas ninguém me ouvirá uma palavra de desconfiança para com o extraordinário treinador que o Benfica em boa hora contratou.

Esta é obviamente uma noite triste para todos os benfiquistas, mas nem por um segundo o orgulho nesta grande equipa deve ficar abalado. O melhor Benfica de que me recordo (1982-1984 com Eriksson e...Bento) perdeu também por 4-1 com o Liverpool, então em pleno Estádio da Luz, não deixando por isso de ficar na memória de todos, como este porventura também ficará.
O campeonato foi desde a primeira hora considerado pelo clube como a prioridade máxima, e olhando apenas e só para ele, esta até pode ter sido uma derrota útil, uma derrota dolorosamente útil. Há pois que olhar em frente, e mostrar, já na próxima terça-feira, que se na Europa há equipas melhores que o Benfica, em Portugal não as há.
A arbitragem foi confusa, mas não foi por ela que o Benfica saiu da prova.
PS: Inqualificáveis os comentários de David Borges no rescaldo do jogo. Não disfarçou alguma felicidade (alívio?), e aproveitou, alarvemente, para tentar deitar abaixo a equipa benfiquista.
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