
Não foi o meu caso, que, já com cerca de 100 dérbis no palmarés pessoal, sempre tenho muito respeito por estas ocasiões. Afinal de contas o Benfica não ia jogar com o Desportivo das Aves, mas sim com a equipa que está imediatamente atrás de si na classificação do campeonato, e que fazia deste jogo a tábua de salvação de toda uma época. É sabido que este tipo de partidas acarreta sempre uma imprevisibilidade muito própria, as equipas agigantam-se, e os resultados acabam por fugir às expectativas mais racionais. Acresce também que a recente mudança de treinador ameaçava trazer alguma revitalização ao leão moribundo, como de resto veio a verificar-se.
Jorge Jesus terá pensado da mesma forma, coisa que se percebe olhando para o onze inicial apresentado - sem quaisquer poupanças como aqui defendi, ao contrário do que a maioria da comunicação social conjecturava.
O jogo foi intenso, a pressão no meio-campo muito forte, e durante algum tempo o Benfica não mostrou argumentos físicos para lidar com ela da melhor forma, evidenciando um desgaste natural e expectável face à sequência de jogos a que a maioria dos seus principais jogadores tem sido submetida. O Sporting apareceu bem organizado, percebendo-se, pela primeira vez na temporada, uma ideia de jogo clara, equilibrada e consistente. Acabaria por prevalecer a maior qualidade individual e colectiva da equipa encarnada, mas há que reconhecer que um Sporting com esta cara não estaria certamente a passar pelos problemas que tem tido ultimamente, o que também prova a inabilidade de Paulo Sérgio em lidar com um plantel limitado, mas ainda assim claramente superior aos resultados produzidos.
O golo do Sporting surgiu com naturalidade, num momento em que o Benfica deixava fugir o controlo do jogo por entre os dedos. O empate (na sequência de mais um penálti falhado por Cardozo) traria uma tonalidade mais vermelha à partida, e ao intervalo a igualdade ajustava-se, tendo em conta o relativo equilíbrio entre a preponderância de uma e outra equipas no tempo de jogo.
O segundo período mostrou um Benfica de mangas arregaçadas em busca do seu objectivo. O futebol encarnado ganhou velocidade e critério, e o domínio do sector intermediário (onde Javi Garcia imperou), foi paulatinamente empurrando os leões para as imediações da sua área, onde se foram acantonando sem deixarem todavia de espreitar o contra-ataque e a hipótese de, num momento de felicidade, ganharem vantagem.
Pouco tempo antes de tudo se decidir, Roberto negou, na outra baliza, o golo a Matias Fernandez. Seria uma injustiça, mas muitas vezes é por esses mesmos caminhos que o futebol capricha em seguir.

Individualmente destacou-se Javi Garcia, quer pelo golo, quer pela forma categórica como se impôs no meio-campo, sobretudo nos períodos de maior domínio encarnado. Franco Jara também entrou muito bem no jogo, acabando também ele ligado ao lance do golo da vitória.
No lado do Sporting André Santos, Matias e Hélder Portiga foram os jogadores mais em foco, se bem que a maior diferença da equipa face ao seu passado recente esteve na organização colectiva.
Quanto à arbitragem, há que dizer que o golo do Sporting é irregular (Hélder Postiga está ligeiramente deslocado no momento em que a bola sai dos pés de Matias), pelo que custa a entender a postura de José Couceiro nas suas declarações finais a propósito de um ou outro lance longe das balizas (velha escola…). De referir também que o tempo de compensação atribuído por Jorge Sousa no fim do jogo foi incompreensível – três minutos, quando se justificariam, no mínimo, cinco -, ainda que, talvez contra a sua vontade, esse tempo tenha chegado para que o golo aparecesse.
O Benfica espera agora adversário para a sua primeira final da temporada. Espera-se que outras se lhe sigam.
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