
Não foi necessário que o Benfica realizasse uma grande performance artística para que ficasse bem demonstrada a sua gritante superioridade sobre o velho rival, coisa que aconteceu, quer enquanto as equipas estiveram numericamente equilibradas, quer após a injusta expulsão de Sidnei.
Como eu tinha dito na antevisão ao jogo, o grande adversário do Benfica nesta partida estava no interior de si mesmo, que é como quem diz, na cabeça dos seus jogadores. Triunfalismo, excesso de confiança, ou sobranceria, poderiam ser factores suficientes para alterar a correlação de forças, e trair a melhor equipa. Desde cedo ficou patente que isso não iria acontecer, vendo-se um Benfica humilde e empenhado em sair desta jornada com o sonho do título ainda vivo.
Poucas vezes na história do futebol português se terá estado perante um diferencial de poderes e capacidades tão profundo entre estes dois clubes como o que se assiste neste momento. Mas é preciso também dizer que o Sporting não teve a sorte do seu lado, nem pôde preparar este jogo da forma que certamente gostaria. Vendo-se, por diferentes razões, sem Valdés, sem Carriço, sem Evaldo, e sem Vukcevic (já nem falo em Izmailov, e muito menos em Liedson), não dispondo da voz de comando do seu treinador desde o banco, a equipa leonina dificilmente teria argumentos para se bater com o melhor Benfica da temporada. Foram de facto azares a mais para quem já vive no sobressalto de uma crise directiva sem precedentes, e na angústia de um presente muito pouco promissor. Também por tudo isso, a vitória do Benfica não surpreendeu ninguém - nem terá feito os benfiquistas rejubilar de alegria (ao fim ao cabo, a equipa encarnada quase se limitou a cumprir a sua obrigação), e muito menos deverá ter humilhado qualquer sportinguista, pois poucos acreditariam num destino diferente, e alguns até talvez temessem números mais expressivos.

Em termos individuais há que destacar a grande exibição de Nico Gaitán (um caso sério de talento, como sempre tenho defendido), mas também do quarteto defensivo (quer com Sidnei, quer com Jardel). No Sporting, só Djaló e João Pereira tentaram remar contra a maré.
A arbitragem esteve perfeita no plano técnico. Já quanto ao aspecto disciplinar, abusou dos cartões, equivocou-se nos critérios, e quase estragou um jogo correcto e leal.
Na próxima semana haverá novo dérbi. E se o Benfica souber respeitar o seu rival como o fez na partida desta noite, haverá seguramente nova vitória daquela que é, incontestavelmente, a melhor das duas equipas.
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