
O jogo do Dragão foi fantástico, mas puxou mais pela solidez do que pela nota artística. O jogo com o Lyon proporcionou bons momentos, mas a equipa claudicou no final. Contra Rio Ave e Nacional viu-se um grande espectáculo, mas também algumas falhas defensivas. Neste jogo, frente a uma das melhores equipas do campeonato português, assistiu-se a uma exibição de gala do primeiro ao último instante, perfeita em quase todos os parâmetros que possamos utilizar para a analisar.
Digo quase todos porque em termos de eficácia diante da baliza o Benfica ficou a dever a si próprio um resultado histórico. O caudal de futebol produzido justificaria cinco, seis ou mesmo sete golos, e só algum desacerto na concretização poupou Manuel Machado a mais um resultado humilhante diante do seu inimigo de estimação.
É um regalo ver jogar assim. Quando dos pés de artistas como Aimar, Saviola, Salvio e Gaitán (depois também Carlos Martins) sai todo o esplendor de um futebol mágico, fluente e vibrante, os espectadores só têm de agradecer o privilégio de poder presenciar tais momentos. Estavam 55 mil nas bancadas da Luz, e se a equipa continuar nesta senda, os lugares irão rapidamente voltar a esgotar, à semelhança do que ocorria na temporada passada, e mesmo que a distância para o primeiro lugar do campeonato se mantenha teimosa e injustamente ampla.
Com meia-hora decorrida já o resultado poderia estar sentenciado. O poste, a barra, Nilson e alguma infelicidade impediram que os golos se fossem acumulando. Na segunda parte foi a vez do fiscal-de-linha e de Óscar Cardozo obstarem à goleada. No fim, os 3-0 sabem a pouco para tanto, tanto, futebol.

João Ferreira falhou precisamente ao invalidar o golo de El Conejo, lance no qual não se vislumbra nenhuma infracção. Creio, todavia, que a responsabilidade tenha sido do assistente. À excepção desse lance, a arbitragem esteve em bom plano, deixando fluir um espectáculo de grande nível.
Acabei de ouvir as declarações de André Villas-Boas após a vitória do FC Porto em Braga. Não deixei de me rir quando, ainda a deleitar-me com o chapéu de Carlos Martins, a rabona de Aimar, o calcanhar de Gaitán, os dribles de Saviola, o técnico portista disse que os benfiquistas deveriam estar …frustrados (!?!). Eu há muito que não acredito no título, mas nunca me esqueço porque motivo a diferença pontual é a que se verifica. Há troféus para conquistar, uma Europa para encantar, e a jogar assim todos os sonhos são possíveis. Depois de uma exibição deste nível, a frustração só poderá estar do lado daqueles que têm obrigação de saber porque motivos vão ingloriamente na liderança da tabela classificativa. Ganhar a qualquer preço serve bem á vaidade (como se vê), mas nunca à satisfação e à auto-realização (como também se vê). E se as coisas continuarem assim até final, creio que o vencedor moral deste campeonato será o Benfica, ainda que outros possam, pelas ruas, dar largas aos seus sentimentos de ódio, de vingança e de inferioridade.
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