
Nos últimos jogos notava-se já um crescimento qualitativo considerável. Nestas cinco vitórias consecutivas (17-2 em golos) viu-se uma equipa mais confiante e um futebol mais harmonioso. Mas nunca como nesta noite se vira um Benfica simultaneamente tão constante, tão empolgante e tão goleador - como o foi, tantas vezes, ao longo do ano que passou.
Não adianta argumentar com a falta de oposição da equipa adversária. Tal como acontecia nas goleadas de há um ano, foi o Benfica, com a sua atitude, com os seus ritmos e com a sua classe, a impedir qualquer veleidade ao seu rival, reduzindo-o a cinzas. Em futebol, uma equipa joga sempre o que a outra deixa jogar. No jogo de hoje o Benfica não deixou que o Olhanense sequer respirasse.
Para este crescimento competitivo concorrem vários aspectos. Destacaria três: subida de forma acentuada da dupla atacante (a correr, a jogar e a marcar), assunção de Sálvio como verdadeiro substituto de Ramires (capaz de o fazer esquecer, pelo menos no plano ofensivo), e aumento generalizado dos índices físicos e mentais da equipa. São estes aspectos que fazem com que o Benfica do momento pouco ou nada tenha a ver com o conjunto tristonho e sem rasgo que participou na Champions League, que foi goleado no Dragão e que iniciou a temporada com quatro derrotas em cinco jogos.
Muitos perguntam se esta recuperação futebolística poderá ainda corresponder a uma recuperação pontual no campeonato. A meu ver, muito honestamente, tal será extremamente difícil de acontecer. Compreendo que técnicos e dirigentes mantenham acesa a chama, até para evitar adormecimentos, mas parece-me pouco crível que o FC Porto (mais a mais com as ajudas que normalmente tem) perca os pontos suficientes para pôr em causa o seu primeiro lugar.
Mas a época não se esgota na luta pelo título. O Benfica tem a Taça da Liga para reconquistar, tem a Taça de Portugal que já há muito tempo lhe foge, e tem, sobretudo, a Liga Europa, onde pode agora investir as fichas que há um ano atrás teve de reservar para a batalha doméstica. E a jogar assim todas as ambições são legítimas, até mesmo (porque não?) a de voltar, quase cinco décadas depois, a erguer um troféu europeu – o que, diga-se, valeria por três ou quatro campeonatos nacionais.

Por agora, fica a boa nova de uma equipa reencontrada com a sua enorme capacidade, e a ideia cada vez mais firme de que a temporada ainda poderá reservar muitas alegrias à nação benfiquista.
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