
Antes assim. O meu desejo é que, enganando-me ou não, os jogadores encarnados joguem sempre mais do que aquilo que eu espero deles, e me surpreendam pela positiva. O espanhol não fez uma exibição de encher o olho, mas foi decisivo ao apontar o golo solitário do jogo. Que este golo seja um estímulo para, daqui em diante, fazer um pouco mais do que havia feito nos jogos anteriores, e voltar a mostrar o nível que lhe vimos na temporada passada.
Mas se Javi me surpreendeu, já o colectivo benfiquista voltou a mostrar muitos problemas, dando uma pálida imagem da sua força enquanto equipa campeã nacional.
O jogo foi globalmente fraco, e o Benfica correu alguns riscos de não o vencer, sobretudo pela passividade com que o abordou, expondo-se a que um lance menos feliz pudesse, a qualquer momento, trair a sua superioridade.
A equipa está manifestamente descrente, continua a chorar pelas ausências (dos que partiram e dos lesionados), e tarda em encontrar um plano de equilíbrio onde sustentar o seu futebol. Não vou falar outra vez das saídas Ramires e Di Maria, mas poderei lembrar as ausências de Fábio Coentrão e Cardozo.
O esquerdino a dar profundidade, e o paraguaio a garantir presença na área, são elementos que Jorge Jesus tem muita dificuldade em substituir, como esta noite ficou bem patente. Depois há ainda o caso-Saviola, outro dos jogadores que está a léguas da produção do ano passado. Ou seja, além das saídas, o Benfica debate-se ainda com problemas de lesões (que praticamente não teve em 2009-10), e com uma estranha e acentuada quebra de forma de vários dos seus jogadores nucleares. Tudo isto faz com que a equipa pouco ou nada tenha a ver com a que se sagrou campeã, ainda que Jesus continue a insistir no mesmo modelo de jogo, e no mesmo desenho táctico, à procura que o tempo faça o seu trabalho.
O Portimonense acabou por ser um adversário à medida das dificuldades do Benfica, permitindo-lhe ainda assim controlar minimamente o jogo, e conquistar a sua quarta vitória consecutiva sem sofrer golos. Foi Portimonense de menos, e não Benfica de mais, o factor que determinou o desfecho da partida. Um adversário mais acutilante, mais incisivo e com outra presença nos últimos metros, teria, muito provavelmente, feito encostar este titubeante Benfica.

Infelizmente, a equipa de Jorge Jesus não está a dar mostras de um poderio suficiente para se impor no terreno do seu principal adversário. A jogar como jogou em Lyon, a jogar como jogou hoje, a jogar como tem jogado na maioria das partidas desta temporada, será inapelavemente derrotada no Porto, e verá as suas esperanças voarem para longe. Faltam duas semanas. Muito pouco tempo.
O árbitro Hugo Miguel não teve qualquer influência no resultado, mas ao apitar constantemente retirou beleza ao espectáculo. É um estilo bem enraizado na arbitragem portuguesa, e que deveria merecer reparo por parte de Vítor Pereira. Não é possível encher bancadas de estádios para assistir a 50 faltas em 90 minutos. Talvez esta prática proteja os árbitros. Mas certamente não protege o futebol.
Por falar em bancadas, creio que o apelo dos dirigentes do Benfica teve, ainda assim, algum eco entre os adeptos. Pelo que se via na televisão, não terá estado mais de meia-casa para assistir ao jogo, sendo a primeira vez que o Benfica não esgotou aquele recinto. Estimo em seis ou sete mil os espectadores que a partida teve a menos, em face daqueles que teria sem boicote. É alguma coisa. Não será legítimo que os dirigentes do Benfica cantem vitória, mas também ninguém os poderá acusar de derrota, se é que estamos efectivamente a tratar de vitórias e derrotas num caso como este.
Nunca seria de esperar um boicote completo. Supor que a força dos seis milhões, na sua amplitude, na sua multiplicidade, pode ser de algum modo aglutinável para propósitos institucionais, é um erro de análise muito comum ao mundo benfiquista. Daí as dúvidas que muitos exprimiram quanto à eficácia deste ponto do comunicado. Em todo o caso, para já as coisas nem saíram mal.
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