
Seis. Contei seis momentos de golo cantado, que Saviola e Cardozo se foram encarregando de desperdiçar, ora por mérito das intervenções do guardião contrário, ora por inépcia (neste caso do paraguaio) junto das redes. Um dos lances fez-me inclusivamente recordar dos tempos de escola, quando num daqueles torneios entre turmas, eu próprio falhei um golo semelhante, facto que na altura me atormentou durante dias.
Nem nesses, nem em quaisquer outros tempos, cheguei a ser um ponta-de-lança minimamente convincente. Não é o caso de Óscar Cardozo, e há até quem diga – com alguma razão – que quem falha muitos golos nunca pode ser um mau avançado, pois os méritos de aparecer em zonas de finalização, de saber fugir aos defesas, de estar no local e no momento exactos não são coisa do somenos. Não valerá para todos, mas vale seguramente para Tacuára, que ainda uma semana antes fizera, como nos lembramos, uma exibição portentosa diante do Sporting, e pelas minhas contas, mais jornada, menos jornada, atingirá os 100 golos com o Manto Sagrado vestido.
A história deste jogo é a história dos golos falhados. O final poderia ter sido inglório, pois como usualmente se diz “quem não marca, arrisca-se a sofrer”. O risco existiu, mas não se consumou. E que cruel teria sido um eventual empate…
O Benfica podia, pelo contrário, ter repetido as goleadas dos últimos anos nos Barreiros. E também disso esteve muito perto. O destino assim não quis, mas os sinais de retoma são por demais evidentes, havendo até possibilidades (mais do que matemáticas) dos encarnados saltarem para o segundo lugar já na próxima jornada.
Destaque para as exibições de Fábio Coentrão e Gaitán, e para a firme indicação de que pode residir nesta dupla a alternativa ideal às saídas de Di Maria e Ramires respectivamente. Tal como sempre defendi, Coentrão é o extremo-esquerdo ideal para o Benfica. Pode não ser a melhor opção para ele e para a sua carreira, mas é seguramente a melhor para uma equipa que tinha, há poucos meses atrás, a sua maior estrela justamente nessa posição, e que se habituou a um modelo de jogo onde a velocidade dos extremos é fundamental para causar os necessários desequilíbrios nas linhas defensivas adversárias.

Resta falar do árbitro. E João Capela fica para o fim apenas porque o Benfica acabou por ganhar, e as vitórias sempre esbatem as revoltas (é humano, é da vida). Mas custa a acreditar como, mesmo após toda a polémica em redor dos jogos anteriores, mesmo após a conferência de imprensa de Vítor Pereira, não se marca um penálti como aquele cometido sobre Saviola.
Dir-me-ão que há outro lance na área do Benfica. Mas se este segundo é muitíssimo menos claro (nenhuma repetição o prova, não passando por isso de uma simples suspeita), também ocorre num momento posterior, ou seja, numa altura em que, se o árbitro, Deus e Cardozo quisessem, já o Benfica estaria a ganhar por 0-1.
Ainda irá o Benfica a tempo de revalidar o título? Talvez sim. É necessário, primeiro que tudo, que não se repitam as farsas de arbitragem das primeiras jornadas.
Se um sopro de isenção surgir, há ainda outra condição que me parece fundamental: ganhar no Dragão no dia 7 de Novembro, e ganhar, naturalmente, os três jogos que faltam até lá, dois deles em casa, mas um deles (já no próximo domingo), contra outro candidato ao título. Com estas quatro vitórias o Benfica poderia estar, nessa noite de Novembro, com 4 ou 6 pontos de atraso, com vinte jornadas para jogar, com o FC Porto a ter de visitar a Luz (e também Alvalade, e também Braga), ou seja, com quase tudo em aberto. É pois até ao dia 7 de Novembro que se vão decidir grande parte das ambições do Benfica na prova. Que sejam decididas pelos jogadores, e por mais ninguém.
PS1: Não posso deixar de destacar e saudar a excelente entrada do meu Juventude de Évora no campeonato nacional da 2ª divisão, com duas vitórias em dois jogos a valerem a liderança da Zona Sul. Lutando praticamente sem apoios, mantendo o treinador há seis épocas consecutivas, a equipa eborense tem sido um verdadeiro modelo daquilo que ainda se pode fazer no depauperado futebol das divisões secundárias.PS2: Sendo este um espaço exclusivamente de futebol, não deixo também de manifestar a minha enorme alegria pela expressiva vitória do Hóquei em Patins benfiquista na Supertaça diante do FC Porto (8-4), que espero possa significar o princípio de uma nova era na modalidade. Gosto de Hóquei desde a mais tenra infância, e ainda mais do que os crónicos triunfos do FC Porto, têm-me magoado as constantes notícias acerca do eventual fim da secção no clube da Luz. Para além de uma vitória contra o FC Porto e contra o sistema que domina totalmente a modalidade, esta foi também uma vitória pela afirmação do Hóquei no Benfica, clube mundial que há mais tempo, ininterruptamente, o pratica.
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