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OLHE QUE NÃO!

Written By irvan hidayat on Rabu, 25 Agustus 2010 | 08.33

Fernando Guerra é um dos mais prestigiados jornalistas desportivos nacionais, e é alguém que desde há muito me habituei a ler com total atenção e interesse, ou não se tratasse de uma referência para todos os que, como eu, mesmo que de forma totalmente amadora e desinteressada, gostam de escrever sobre futebol.
Recentemente tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente, e à mesa comum de um almoço pudemos trocar impressões sobre variados assuntos relacionados com o mundo da bola. Reforcei a convicção de se tratar de uma pessoa bastante esclarecida e rigorosa no seu pensamento e nas suas análises.
Infelizmente, tenho de dizer que, no meu modesto ponto de vista, o seu último artigo n’A Bola (terça-feira) não corresponde à poderosa imagem que a sua carreira construiu. Para além da inegável qualidade formal que Fernando Guerra sempre coloca naquilo que escreve, tudo o resto neste artigo é um equívoco: desde o timing (criticar um treinador campeão após três derrotas parece-me muito pouco criterioso) ao conteúdo, passando pela estranha veemência e até por alguma falta de rigor. É verdade que cada um tem direito à sua opinião, mas, do mesmo modo, também me sinto no direito de me confessar desiludido com aquilo que li.
Deixando de lado a questão dos truques e das manhas (e Mourinho não as usa? e Pedroto não as usava também? e Alex Ferguson?), passemos então aos cinco pecados que Fernando Guerra aponta ao técnico encarnado:

1- Devo dizer que também não gostei de ver Jorge Jesus aos abraços com Pinto da Costa. Tratou-se, é certo, de um lapso de comunicação, fruto da simples e genuína forma de estar do treinador. Mas olhar para esse episódio como algo de grave, e capaz de pôr em causa o fantástico trabalho técnico realizado ao longo de um ano, parece-me, francamente, um absurdo. É óbvio que para um jornalista, a comunicação é um aspecto determinante. Para mim, enquanto adepto, devo dizer que me estou nas tintas para quem são os amigos pessoais de Jorge Jesus, se ele fala bem, se cospe no chão, se pinta o cabelo de amarelo ou de violeta, desde que o seu trabalho, enquanto profissional, me satisfaça. E não tenho dúvidas que a esmagadora maioria dos milhões de adeptos do Benfica está comigo.
2- Diz Fernando Guerra que Jorge Jesus fez constar o desejo de melhorar o contrato, antes ainda da conquista do título, entendendo isso como algo de muito reprovável. Não sei se efectivamente o fez ou não, mas se fez, fê-lo no pleno direito de um profissional ambicioso que, tendo consciência da quase perfeição do trabalho desenvolvido, achou que podia ser melhor remunerado. Jorge Jesus (que veio para o Benfica ganhar menos de metade do que auferia o seu antecessor) não tem obrigação de ser benfiquista, nem se espera que esteja no Benfica por paixão clubista. É um profissional que está a fazer pela vida, como qualquer outro treinador, de qualquer outro clube. Mourinho (o tal que é incomparável), por exemplo, exigiu a renovação do seu vínculo só por ter ganho um jogo ao Sporting. Como criticar Jesus por ter pedido (se é que pediu) aumento de vencimento quando estava à beira de dar um tão ansiado título ao clube onde trabalha?
3- Sou insuspeito para falar do caso Quim. Quem frequenta este espaço sabe que sempre tive admiração pelo guarda-redes, e nunca concordei com a sua dispensa, até porque me parecia que a questão da baliza benfiquista era, até ao início desta temporada, um falso problema (agora, infelizmente, tornado real). Aceito também que não tivesse sido elegante tratar o tema num programa televisivo, mas aí Jorge Jesus foi uma vez mais traído pela sua fraca oralidade, caindo na armadilha que, legitimamente, o jornalista lhe colocou. Mas, à semelhança do caso Pinto da Costa, também não creio que uma entrevista mal conseguida, um erro de comunicação, um momento de infelicidade, possa construir, ou destruir, a capacidade de um treinador. Mais do que saber comunicar com os jornalistas, a mim interessa-me que Jesus saiba comunicar com os jogadores. E isso, inquestionavelmente, ele sabe fazer. De qualquer forma, se a dispensa de Quim, e a insistência na contratação de Roberto, foram da exclusiva responsabilidade do técnico, terei de admitir aqui uma falha técnica. Em todo o caso, apenas uma falha, no meio de muitos acertos.
4- Interpretar um sorriso, em resposta a uma questão que não se quer abordar, como um acto de deselegância para com a entidade patronal, é algo que não lembra a ninguém. A versão que me contaram - e não foi Jorge Jesus - é a de que o FC Porto tentou mesmo contratá-lo, coisa que, olhando às práticas habituais de Pinto da Costa (veja-se Cristian Rodriguez, veja-se João Moutinho, veja-se Maniche, veja-se Jankauskas, e por aí fora), não custará muito a acreditar. Ter sido eventualmente o próprio técnico a sugerir que isso aconteceu (o que não deixa de ser uma interpretação abusiva) e, tacitamente, confessar não ter aceite o convite, não só não desrespeitaria o Benfica, como, pelo contrário, até, de certa forma, o valorizava. Só com uma grande ginástica mental se poderá, pois, ver nesta questão algum tipo de deslealdade.
5- É verdade que estive uns dias fora do país, mas desde o início do campeonato não ouvi, não li, nem me contaram que Jorge Jesus tivesse tornado público qualquer tipo de lamento pelas perdas de Di Maria e Ramires. Pelo contrário, ouvi-o dizer que se sentia orgulhoso pelas transferências, e admitir que fazia parte das suas funções valorizar os jogadores de forma a permitir ao clube a realização das mais-valias necessárias ao seu equilíbrio financeiro. Já ouvi, isso sim, críticas de benfiquistas em sentido contrário, apontando alguma passividade ao técnico quanto a esses dossiers.

Não acredito que Fernando Guerra se mova por critérios de simpatia ou antipatia pessoal quando escreve os seus artigos. Aceito, todavia, que a isenção total é uma abstracção, e que todos nós acabamos influenciados por este ou aquele facto, por este ou aquele episódio, do presente ou do passado, e tal acaba por se reflectir quando expressamos as nossas opiniões.
Neste caso, estou perfeitamente à vontade para defender Jorge Jesus. Não só não fui particularmente entusiasta da sua contratação (embora me tenha rendido totalmente ao fim de pouco tempo), como os meus contactos pessoais com ele se resumiram até agora a um simples e circunstancial aperto de mão.
Ao contrário de Fernando Guerra, acho que Jorge Jesus é um fantástico treinador, e enquanto benfiquista, espero e desejo que fique no clube por muitos e bons anos. E, convertido que estou ao seu valor, não serão duas ou três derrotas, nem mesmo a eventual perda de um campeonato, que me farão mudar de opinião. Como, de resto, também não é um mau artigo que arrasa um grande jornalista.
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