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BATE CORAÇÃO

Written By irvan hidayat on Senin, 19 April 2010 | 02.58

Não se esperava outra coisa. O jogo de Coimbra traduziu-se numa tarde de dificuldade, tensão e sofrimento.
À medida que o campeonato caminha para o fim, à medida que cada ponto ganho ou perdido assume peso de decisão, os corações palpitam nas bancadas e as almas sofrem como nunca. A glória está próxima, todas as probabilidades jogam a favor, mas enquanto a porta da gaiola não se fechar, enquanto subsistir o risco do pássaro se escapulir, enquanto a terrível hipótese de morrer na praia permanecer ameaçadora, esta angústia vai acompanhar o mundo benfiquista. Vai valendo que, em campo, os jogadores encarnados não dão mostras de grandes tremeliques, e, uma vez mais, tudo acabou em bem.
Tal como tudo começara bem, pois um golo aos dois minutos poderia até indiciar uma vitória tranquila. Sobretudo pela forma afirmativa como o Benfica entrou em campo, dominando completamente as operações, conquistando a bola em zonas adiantadas, pressionando muito, flanqueando o jogo, fazendo, enfim, aquilo que tem feito ao longo dos melhores momentos da sua temporada. Um eventual segundo golo poderia ter transportado a partida para outra dimensão (uma goleada?), mas o que é certo é que, apesar de terem existido oportunidades para tal, foi a Académica a marcar, num lance fortuito…e irregular.
Fazendo o 1-1 os estudantes cresceram muito. O restabelecer do empate era a prova de que podiam efectivamente responder ao futebol benfiquista, e disputar-lhe os pontos. Passaram a deter a bola muito mais tempo, trocando-a como é raro ver-se a uma equipa da cauda da tabela classificativa. E na área encarnada a ausência de Luisão fazia-se notar, quer ao nível do futebol aéreo, quer no apoio normalmente dado às iniciativas ofensivas de David Luíz (que voltou a manifestar alguma displicência nas saídas da zona de perigo).
Não há campeões sem sorte, e o momento em que o Benfica marcou o seu segundo golo (à beira do intervalo) não podia ter sido mais favorável. Foi novamente Weldon o protagonista, mostrando a enorme utilidade da sua presença no plantel – com 5 golos valeu já 6 pontos, exactamente os que o Benfica tem de vantagem sobre o segundo classificado.
Após o intervalo sentia-se que, ou o Benfica marcava o terceiro, ou ver-se-ia em apuros para, na ponta final do jogo, segurar a vantagem. A Académica ameaçava lances de perigo a cada vez que dispunha da posse de bola (ou será a minha ansiedade a falar por mim?), e o resultado tangencial conferia-lhe o tónico psicológico necessário para continuar a lutar bravamente pelos pontos.A sorte foi que o terceiro golo apareceu mesmo. Marcou Ruben Amorim, mas coube a Di Maria a maior fatia do mérito. Após algumas oportunidades desperdiçadas, o Benfica pensava ver sorrir-lhe a tranquilidade. Debalde. Com poucos minutos para jogar, um pontapé de Tiero, e uma desatenção de Quim, recolocaram a equipa de Villas-Boas na discussão do jogo. O tempo que faltava jogar-se foi aflitivo, até porque Carlos Xistra insistia em assinalar faltas inexistentes contra os encarnados, empurrando-os para a sua zona defensiva.
Soou enfim o apito final. Soou como música celestial aos ouvidos de milhões. O Benfica ganhou, com justiça, um jogo que poderia ter corrido mal. Superando o indisfarçável cansaço, as ausências de Luisão e Saviola, a debilidade física de Cardozo, a arbitragem hostil, e um adversário forte, organizado e empenhado, pode ter sido dado em Coimbra o passo decisivo para o título.
Mas…ainda faltam 4 pontos, e não será de garrafa de champanhe na mão que eles poderão ser conquistados.
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