
Independentemente dessa posição de princípio, e até de algumas simpatias madridistas, lamento profundamente que a equipa catalã tenha sido eliminada, quer da forma como foi, quer, sobretudo, por quem o foi.
A exibição do Inter em Camp Nou fez-me lembrar o Leixões ou o Naval quando visitam o Estádio da Luz. Onze homens (depois dez) atrás da linha da bola, pontapé para a frente, constantes perdas de tempo, provocações ao adversário, e todo um manancial de anti-futebol, que por vezes é premiado com um resultado imerecidamente positivo, como foi o caso. Os italianos (povo que, de resto, também não aprecio particularmente, ao passo que à Catalunha nunca fui) venceram, mas não convenceram. Provaram apenas, e uma vez mais, que o futebol não é justo.
Depois, lamento não alinhar no coro oficial da nação em redor de José Mourinho. Reconheço, obviamente, toda a sua competência técnica, mas sob o ponto de vista humano, de comportamento, de educação e desportivismo, trata-se de alguém que me envergonha enquanto cidadão português. Nunca tive outra opinião acerca dele, nem enquanto treinou o Benfica, saindo sob ameaças e chantagens - tal como de resto saiu do FC Porto, do Barcelona, do Chelsea, sairá do Inter, e de todos os clubes onde trabalhar.

Se há coisa que tenho é uma boa memória, e não me esqueço do que foi Mourinho no futebol português. Não pelo que ganhou, mas pela forma arrogante, imbecil e provocadora como sempre se comportou. Não me esqueço da sua volta ao relvado da Luz, de sorriso cínico na cara, perante 80 mil pessoas a assobiarem-no. Não me esqueço dos seus insuportáveis “mind games”, que apenas aumentavam a necessidade de reforço policial nos jogos, enquanto satisfaziam o seu ego do tamanho do mundo, permitindo-lhe gozar com todos nós. Desta vez, visitando a casa que o projectou e que lhe ensinou grande parte do que sabe, voltou a ter um comportamento nojento e cretino, daqueles que queremos ver banidos do futebol, que condenamos veementemente quando se trata de alguém de outro país (Domenech, por exemplo), mas que a Mourinho todos em Portugal, estranhamente, toleram. Normalmente os mesmos que vêm em Pinto da Costa um exemplo a seguir, e no fundo aqueles para quem vale tudo, desde que se ganhe.
Nesta partida estava pois pelo Barcelona. Estava, sobretudo, contra o Inter, e contra Mourinho, como sempre estive, desde os tempos do Chelsea, para nem falar do FC Porto.
Não se pode dizer, todavia, que a equipa transalpina não tenha feito jus à história do seu futebol. Foi com Helenio Herrera, e com o célebre Catenaccio, que o Inter alcançou as suas grandes conquistas internacionais, voltando agora, do mesmo modo, à final da principal prova europeia de clubes.
Nesse dia, e independentemente da animosidade que a postura política da chanceler Ângela Merkel possa ter trazido à Europa nos últimos meses, estarei pelos alemães. Estarei, sobretudo, contra Mourinho, contra o Catenaccio, contra o anti-jogo, as provocações, os golpes baixos, a arrogância. Estarei pelo futebol.
0 komentar:
Posting Komentar