Com tão curta margem de recuperação, vai ser difícil a Jorge Jesus apresentar a equipa nos limites em ambos os jogos, pelo que tenho alguma curiosidade em conhecer a estratégia do técnico encarnado para este duplo compromisso. Por mim, digo desde já que se conseguir vencer pelo menos um destes dois jogos, na próxima segunda-feira sentir-me-ei um benfiquista feliz.
A prioridade do clube é o campeonato, e será ao Sp.Braga que o conjunto de Jesus terá mesmo de ganhar para cimentar definitivamente o seu favoritismo ao título. Mas isso não impede que, sobrando uma semana para preparar a recepção aos minhotos, o Benfica não encontre algum espaço para entretanto se entregar de alma e coração a estas duas competições. Até porque era bastante engraçado fazer uma espécie de dobradinha com a Taça da Liga, e muito mais engraçado seria poder prosseguir a campanha europeia até à final de Hamburgo.

Deixando o Sp.Braga para mais tarde, devo dizer que entre Liga Europa e Taça da Liga não hesitaria muito em optar pela primeira, mesmo tratando-se, no caso da segunda, de levantar já o troféu (e logo às custas do FC Porto). Se entre estes dois jogos pudesse pois escolher uma só vitória, ela aconteceria já em França, e passo a explicar porquê.
Além do prestígio internacional, a Liga Europa confere pontos para o ranking da UEFA (muito úteis na definição dos cabeças-de-série, e dos potes, para as próximas temporadas), e dá algum dinheiro (directamente através dos bónus, e indirectamente com as receitas de bilheteira). Mas o que mais irei lamentar no caso de o Benfica vir a ser eliminado (conforme infelizmente prevejo), é o facto deste plantel encarnado me parecer particularmente talhado para chegar longe numa competição internacional a eliminar. E quando digo chegar longe, estou a referir-me, obviamente, à final.
O Benfica tem jogadores experientes e de grande classe, capazes de protagonizar grandes momentos; tem-se revelado uma equipa imparável quando lhe dão algum espaço no meio terreno contrário; é quase imbatível em casa; e em contexto europeu, com bons e amplos relvados, frente a adversários empenhados em jogar um futebol ofensivo, Di Maria, Saviola, Aimar e companhia sentem-se como peixe na água. Estou assim em crer que, com uma abordagem diferente (por exemplo, o tudo por tudo que o enquadramento competitivo do Sporting agora lhe permite), o Benfica tinha condições únicas para, já nesta época, voltar a discutir um título europeu. Mas, felizmente o Benfica não está afastado do título nacional como o Sporting (lidera, pelo contrário, o campeonato, e tem de concentrar forças na sua conquista), e infelizmente não dispõe de uma vantagem de dez ou doze pontos como teve o FC Porto de José Mourinho há uns anos atrás, pelo que - e é este o drama - as circunstâncias não lhe permitem olhar para esta oportunidade europeia como ela justificaria.
Com um dia de sorte em Marselha, e uma vitória sobre o Sp.Braga que garantisse o conforto pontual necessário, o Benfica teria, então sim, melhores condições para enfrentar os quartos-de-final europeus com outra centralidade competitiva. Por isso, talvez esta partida de Marselha valha mais do que uma só eliminatória – e recorde-se que poderão ficar ainda em prova equipas como o Standard de Liége, Wolfsburgo, Lille e o próprio Sporting, o que, com um sorteio favorável, pode significar uma certa acessibilidade. Será todavia muito complicado vencer no Vélodrome.
Tanto quanto creio ser difícil arrancar a vitória em Marselha, também estou convicto que se o Benfica pudesse ter encarado o jogo da primeira mão como encarou, por exemplo, a partida do campeonato com o FC Porto em Dezembro, esta eliminatória estaria já resolvida. Acontece que havia jogo na Choupana algumas horas depois, e isso terá obrigado a equipa encarnada a entrar em campo com uma muito maior passividade, o que se veio a revelar fatal. A sorte também não quis marcar presença, e aquele golo no último minuto pode muito bem ter sido fatal.
Agora não vale a pena olhar para trás. Há que buscar os golos, a vitória e, quem sabe, fazer reviver as epopeias de Londres (1991) e Leverkusen (1994), quando empates caseiros a uma bola proporcionaram segundas mãos inesquecíveis.
E se não for possível seguir em frente, estou mesmo a ver alguém que pode, e deve, pagar as favas.
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