
Os encarnados tiveram tudo contra si. Desde logo o resultado da primeira mão, que conferia vantagem aos franceses. Mas também tiveram bastante infelicidade em várias das oportunidades desperdiçadas, e, sobretudo, na inqualificável arbitragem de um esloveno do qual não quero nem recordar o nome.
É pouco usual, depois de uma importante vitória europeia, lembrarmo-nos, com revolta, do desempenho do árbitro. Pois este senhor tudo fez para colocar o Benfica fora da Liga Europa, com dois penáltis por assinalar, e uma série de equívocos tecnicos e disciplinares, sempre em desfavor da equipa portuguesa. Não conseguiu os seus intentos, pois os encarnados mostraram uma força mental (e já agora, também física) difícil de destronar, afirmando-se preparados para ultrapassar até o mais desaforado dos infortúnios.

Só por infelicidade o Benfica não chegou ao intervalo a vencer. Além dos penáltis por marcar, destaque ainda para um remate ao poste de Óscar Cardozo, e para uma perdida infantil de Di Maria, só com Mandanda pela frente. Sentia-se que o golo encarnado podia surgir a qualquer momento, mas o zero a zero continuava teimosamente a figurar no placard, e com ele, o perigo de uma eliminação injusta.
Na segunda parte o Benfica intensificou a pressão...e o risco. A equipa balanceou-se por completo sobre a área adversária, criando lances de ataque sucessivos, e desperdiçando-os irritantemente um após outro. A ansiedade crescia, mas sabia-se que um golo encarnado faria toda a diferença, mesmo que o Marselha também marcasse – o que, de resto, veio a acontecer.
Quando Niang pôs a equipa gaulesa a vencer, temeu-se contudo que o Benfica pudesse sentir algum abalo anímico, embora um só golo na outra baliza continuasse a chegar para alterar o rumo da eliminatória (neste caso empatando-a). Foi aqui que se viu um grande Benfica. Um enorme Benfica, cheio de classe, raça e auto-confiança. Reagindo de forma extremamente afirmativa, o conjunto encarnado demonstrou querer mesmo seguir em frente na prova, e confirmou a ideia que tinha já deixado nos primeiros 75 minutos da partida: a de ser claramente superior ao seu adversário, quer sob o ponto de vista colectivo, quer quanto ao brilhantismo das suas individualidades.
Maxi Pereira voltou a assumir-se como protagonista, marcando um excelente golo, e empatando, enfim, a eliminatória. Depois de uma semana de sofrimento, o Benfica anulava finalmente a vantagem francesa, e tudo voltava ao início.
Era expectável que o jogo assumisse então uma feição mais pausada, com as equipas pouco dispostas a arriscar, esperando cautelosamente pelo prolongamento. Qual quê? O Benfica continuou na mesma toada, procurando sofregamente o golo que lhe garantisse a qualificação, e evitasse os inconvenientes trinta minutos de tempo-extra.
Nem sempre o futebol é justo, e muitas vezes as grandes equipas, as que mais procuram a fortuna, acabam vergadas à crueldade própria de um desporto de incertezas. Desta vez não foi isso que sucedeu, e o golo salvador de Alan Kardec deu à eliminatória a dose de justiça que ela até aí não quisera aceitar.
Foi um momento extraordinário para todos os benfiquistas. Depois de tanto penar, a equipa colocava-se enfim nos quartos-de-final, dando sequência e alimento ao sonho europeu. E logo pelos pés de um improvável herói, que certamente não vai esquecer depressa esta belíssima noite.
O calendário fica apertado? Fica, mas isso é coisa para analisar mais tarde. Agora há que dar largas à imensa alegria (e que grande alegria, caramba!) de ver o Benfica caminhar a passos largos para o reencontro com o seu passado de grande clube europeu.
Venham os quartos-de-final. Viva o Benfica !
PS: Olhando às equipas apuradas, escolheria desde já duas possiblidades preferenciais: Fulham e Standard de Liége. De evitar são claramente Valencia e Liverpool.
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