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UM PASSEIO

Written By irvan hidayat on Rabu, 10 Februari 2010 | 02.34

Mesmo entrando em campo sem seis titulares, e jogando a passo, o Benfica superiorizou-se com clareza a um Sporting demasiado frágil para a circunstância, e apurou-se com naturalidade para a final da Taça da Liga.
É verdade que o jogo correu de feição aos encarnados. Aquele minuto em que João Pereira perdeu a cabeça e, para cúmulo, David Luíz marcou na sequência do livre, definiu desde cedo os contornos desta meia-final. Não tanto pelo facto do Sporting ter ficado a jogar com dez – quantas vezes se viu equipas inferiorizadas numericamente equilibrarem, e até vencerem, José Mourinho que o diga -, mas mais pelo efeito anímico que esse momento teve em jogadores ansiosos e descrentes, que nunca mais se encontraram a si próprios.
O jogo era muito mais importante para o Sporting, que vinha de três derrotas consecutivas e pretendia salvar a época. Isso explica o medo com que a equipa de Carvalhal entrou em campo, e o naufrágio total que se seguiu à dupla contrariedade que sofreu pouco depois. O período entre o golo de David Luíz (minuto 6) e o remate fortuito de Liedson que reduziu distâncias (minuto 38), foi absolutamente revelador das diferenças actuais entre estas duas equipas. Não me lembro de ver tamanha superioridade de um face a outro de há muitos anos para cá, e poucas vezes na vida terei visto um clássico ser tão facilmente dominado por um dos contendores. Perante as trocas de bola do Benfica (em velocidade turística e praticamente sem avançados), e os olés das bancadas, via-se uma equipa do Sporting de gatas, suplicando piedade e com vontade de fugir dali.
O golo do Sporting animou um pouco o jogo e obrigou o Benfica a acelerar ligeiramente seu passo. Esperava-se uma enérgica reacção dos da casa após o intervalo, mas voltou a ser dos encarnados o domínio total e absoluto da partida. A um ou outro fogacho leonino, respondia o Benfica com a sua exuberante circulação de bola, com os rasgos de Di Maria, com a conquista total do meio-campo, e fosse outra a atitude colectiva (e a disponibilidade física) talvez tivessem sido aqui vingados os 7-1 de 1986.
O golo de Luisão foi a estocada final nas dúvidas que pudessem ainda subsistir. Com o jogo ganho, Jesus optou por proporcionar alguns minutos de treino às estrelas, fazendo entrar Cardozo, Saviola e Aimar. A disponibilidade para correr não era muita, mas ainda assim o paraguaio conseguiu fazer as pazes com a massa associativa, marcando o golo mais bonito da noite, e selando os números finais da goleada.
Mesmo em poupança de esforços o Benfica conseguiu os dois objectivos que tinha para esta partida: chegar à final e repor os níveis anímicos após a tempestade de Setúbal.
Ao Sporting, goleado expressivamente por FC Porto e Benfica, derrotado inapelavelmente por Sp.Braga e Académica, afastado da discussão de todas as provas nacionais, não resta outra alternativa que não preparar a próxima época, formando uma equipa a sério (sem Pedros Silvas, Grimis ou Pongolles), sob pena de entrar por um caminho irreversível de definhamento. Falta ainda a Liga Europa, onde, a jogar desta forma, vai ter dificuldades em evitar a humilhação de ser eliminado pelo Everton.
Olegário Benquerença esteve globalmente bem. O único erro da equipa de arbitragem terá sido um fora-de-jogo mal assinalado a Pongolle já na segunda parte. Mas se o francês não marcou qualquer golo até agora (outro Caicedo?), porque motivo haveria de marcar naquele lance?
Hoje fica a saber-se se a final da Taça da Liga vai ser uma festa (caso a Académica marque presença), ou uma guerra (caso tal não aconteça). O futebol português agradecia a primeira hipótese.
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