
O Vitória adaptou-se melhor ao relvado, e foi a melhor equipa durante a maior parte do jogo, merecendo, diga-se em abono da verdade, ganhá-lo (Júlio César terá eventualmente sido o melhor jogador em campo). Mais macio e tecnicista, o Benfica teve muitas dificuldades em fazer correr a bola, e não mostrou – nem se esperaria obviamente que mostrasse, dada a importância relativa dos combates – o espírito guerreiro com que, por exemplo, derrotou o FC Porto em condições não muito diferentes.
Com Aimar, Roderick, Ramires e Eder Luís de início, o futebol encarnado não foi manifestamente ao encontro daquilo que o jogo requeria. Jesus terá privilegiado aspectos de gestão de plantel – o que é natural -, em detrimento da colocação da equipa ideal para vencer esta partida. À luz deste raciocínio, não se compreende todavia a insistência em Ramires (foi mais uma vez o único dos titulares do meio-campo para a frente a jogar os noventa minutos), quando salta aos olhos que o brasileiro precisa de descansar de modo a poder voltar a exibir os impressionantes níveis do início da época. O técnico saberá certamente melhor que eu, mas o que se vê em campo é um Ramires cansado, sem pulmão, a arrastar-se em jogos nos quais a sua presença seria perfeitamente dispensável (para que serve Felipe Menezes?, para que serve Carlos Martins?). Já o caso de Aimar é um pouco diferente, pois vinha de uma lesão e precisava naturalmente de ganhar ritmo, mesmo que num jogo completamente desadequado ao perfume do seu sofisticado futebol. Quanto ao reforço Eder Luís, seria quase cruel analisá-lo à luz de um jogo em que quase não era possível jogar-se. Mostrou boa vontade, o que para começar já não é mau.

Tendo em conta as características da partida, e a forma como decorreu, o resultado acaba por beneficiar mais o Benfica, penalizando a equipa da casa, que ficou praticamente afastada do apuramento. Vendo-se em desvantagem no marcador já em plena segunda parte, a equipa da Luz correu também sérios riscos de comprometer, já nesta noite, as aspirações na prova. O golo de Fábio Coentrão salvou-a, deixando-a dependente apenas de si própria para chegar às meias-finais.
Em desvantagem no número de golos marcados face ao Rio Ave (2-1 e 3-2), o Benfica vai ter mesmo de voltar a vencer em Vila do Conde para se apurar. Se o conseguir por uma diferença clara, tem também francas hipóteses de jogar as meias-finais em casa, aspecto que não é de desprezar, uma vez que se trata de uma eliminatória a uma só mão. Com o jogo a disputar-se num domingo de pausa no campeonato (e, espera-se, em melhores condições meteorológicas), creio ser de apostar tudo nessa partida, não deixando o troféu cair ao chão para que outros o apanhem.
Não se deu pelo árbitro, num terreno extremamente difícil também para ele.
Nos outros jogos, destaque para a eliminação do Sp.Braga depois de duas derrotas em dois jogos. O FC Porto, à semelhança do Benfica, tem de ganhar no Estoril na última ronda (mantendo no entanto, ao contrário dos encarnados, algumas hipótese em caso de empate), enquanto ao Sporting bastará não perder na Trofa para seguir em frente, numa verdadeira e inesperada final em que os da casa também jogam o apuramento. Dos três grandes, o Benfica é pois, claramente, o que tem a tarefa mais complicada, o que se justifica pelo próprio grau de dificuldade do seu grupo.
Poderá dar-se o caso dos segundos classificados ficarem todos com 5 pontos (ou os primeiros todos com 7), e com semelhantes diferenças de golos, pelo que antevejo grandes confusões com os estapafúrdios regulamentos, nomeadamente em face daquela surreal alínea das idades. Gosto da Taça da Liga, é uma excelente ideia, espero que o experimentalismo do formato e dos regulamentos não a venha a matar.
0 komentar:
Posting Komentar