
Durante meia-hora os encarnados pouco ou nada mostraram. Não sei se por uma questão estratégica (chamar a equipa contrária para o seu meio-campo, de modo a aproveitar os espaços nas suas costas), se por deficiente abordagem ao jogo, a verdade é que durante esse período saltou à vista um predomínio madeirense na fatia do terreno por onde a bola andava, e simultaneamente alguma passividade benfiquista, um pouco à semelhança do que se viu em Olhão, e na primeira parte de Vila do Conde.
Não há campeões sem sorte, mas a verdade é que o Benfica seguramente não contava com os sucessivos golpes de fortuna que o bafejaram desde os trinta minutos até ao intervalo, e que resolveram o jogo. O golo no primeiro lance de perigo criado, a primeira expulsão, novo golo no segundo lance, nova expulsão, penálti, mais um golo e tudo decidido.
A partir do intervalo (e só faltava um auto-golo, que de pronto surgiu), com os importantes três pontos nas mãos, assistiu-se a um autêntico treino de descompressão para o Benfica, que permitiu poupar alguns elementos, e fazer descansar mesmo aqueles que continuaram em campo.
É difícil analisar um jogo com estas características. Podemos falar apenas da eficácia concretizadora dos encarnados - mais visível na primeira parte, pois na segunda, difícil seria não marcar - e da dignidade do Marítimo, que mesmo reduzido a nove elementos, mesmo contra um placar pesadíssimo, nunca deixou de lutar, chegando até a criar mais do que uma ocasião de golo, e evitando, senão a goleada, pelo menos a catástrofe (0-9?, 0-10?) que se chegou a desenhar no início da segunda parte.
O árbitro teve um trabalho complicado. Terá deixado um penálti por marcar para cada lado, e terá poupado mais uma expulsão ao Marítimo (João Guilherme). No lance do terceiro golo benfiquista, quando dá ordem de entrada a Di Maria a bola está do outro lado do campo, o que chega para o ilibar. O trabalho de João Ferreira foi fraco, mas não justificava as incompreensíveis palavras de Peçanha no final do jogo. Afinal de contas, nem sequer houve qualquer golo de voleibol a adulterar o resultado a poucos minutos do fim.

Disse, antes do jogo com o Olhanense, que a sequência de jogos que ia desde aí até ao final deste mês de Janeiro poderia ser decisiva para apurar o campeão, e a verdade é que se o Benfica tem ganho também esse jogo teria agora oito pontos de avanço sobre o FC Porto, que na próxima jornada joga na Choupana. Quando o fiz não contava com o Sp.Braga, que jornada a jornada se vai revelando um candidato de corpo inteiro, e começa a causar apreensão. Para o FC Porto a vantagem começa a ser significativa, ainda que seja muito cedo para qualquer triunfalismo (até porque o Benfica terá ainda de jogar no Dragão, e como tal qualquer derrota benfiquista deixará a equipa de Jesualdo apenas dependente de si própria). Três coisas tenho como certas: uma é que haverá emoção até ao fim, outra é que o Benfica está no bom caminho, e a terceira é que teremos de contar com o Sp.Braga.
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