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SÓ À CABEÇADA SE MATOU O FANTASMA

Written By irvan hidayat on Selasa, 10 November 2009 | 03.18

Numa jornada em que todos os adversários directos haviam perdido pontos, o Benfica tinha diante de si o ensejo de recuperar a liderança (ainda que em parceria) e, sobretudo, cavar uma distância pontual significativa para o FC Porto – sua grande ameaça, pois o Sporting, preso aos seus equívocos internos, está hoje muito mais perto do último lugar (despromoção) do que do primeiro (título) -, antes de uma longa pausa na prova.
Era pois uma oportunidade a não desperdiçar, para uma equipa em ressaca europeia e desfalcada de Ramires e Cardozo, dois dos seus mais influentes jogadores. Era um momento muito importante para o desenho da classificação, que poderia (e poderá) marcar o destino da temporada. Era um daqueles jogos em que as grandes equipas, os verdadeiros campeões, não costumam, nem podem, falhar. Mais do que a deslocação a Braga (onde qualquer resultado era aceitável), este sim, era um verdadeiro teste à capacidade competitiva do Benfica, ao seu edifício mental, e à regularidade que conquista campeonatos.
Encontrando pela frente um rígido “autocarro” defensivo, conduzido por um guarda-redes tocado por inspiração divina, os encarnados viram-se e desejaram-se para obter os três pontos. Foi com muito sofrimento que o conseguiram, depois de 89 minutos em que os fantasmas de Marítimo (Peçanha), do Boavista (William), do Espanyol (Iraizoz) e do União de Leiria (Costinha), fizeram reviver na Luz uma daquelas estranhas noites de tiro ao boneco, em que o boneco assume uma sobrenatural capacidade de atrair todos os cartuxos. Parece sina do Benfica, ver brilhar em sua casa guarda-redes cuja carreira nem sempre passa da vulgaridade, mas que na Luz se enchem de brios e fazem a exibição de uma vida. Enfim, eles estão lá para isso, e ninguém se pode queixar senão das bruxas do azar e da infelicidade.
Mas por muito grande que seja a aleatoriedade que envolve um resultado de um jogo de futebol, a verdade é que as coisas nem sempre acontecem por acaso. Há momentos, no desporto como na vida, em que a vontade e o talento superam a falta de sorte, e em que os objectivos são alcançados sobre os escombros do fatalismo. A poderosa cabeçada de Javi Garcia define um desses momentos, e ajusta-se bem ao que foi a prestação do Benfica nesta partida.
Efectivamente, dado o desenrolar do jogo, olhando às suas estatísticas e às oportunidades criadas, poderíamos estar agora a falar de mais uma goleada. Só na primeira parte, Peiser realizou cinco (!!) defesas de golo, e viu uma bola bater no seu poste. Tivesse sido concretizada uma dessas ocasiões e o jogo seria outro.
Na segunda parte o Benfica perdeu algum fulgor (sobretudo a partir do momento em que as pilhas de Aimar se esgotaram), mas voltou ainda assim a desperdiçar oportunidades de golo em série. Mais um punhado de grandes intervenções do guardião da Naval, mais uma bola ao poste (Di Maria), mais uma escandalosa perdida de Nuno Gomes, com Peiser batido, e uma baliza, enorme e escancarada, á sua frente.
Para além do caudal atacante conseguido, a equipa de Jesus teve o mérito de nunca deixar de acreditar em si própria, e na sua capacidade de reverter uma situação que a cada minuto que passava se ia tornando mais difícil. O desespero invadia as bancadas, mas nunca tomou conta dos jogadores, que lutaram até à última gota de suor – com empenho e com serenidade - por uma vitória que contrariasse o destino de uma noite azarada. Conseguiram-no, o que também é sinal da sua tremenda auto-confiança, da sua força mental, do seu espírito guerreiro e vencedor. Há também quem lhe chame “estrelinha” de campeão.
O ambiente vivido no final da partida não diferia muito das noites das goleadas ao Everton ou ao Nacional. O golo de Javi Garcia fez explodir um estádio já algo angustiado, fazendo lembrar um outro, obtido também de cabeça por Luisão há quatro anos atrás frente ao Sporting. Ganhar assim, com sofrimento e com dramatismo, talvez seja ainda mais saboroso, sobretudo quando tal corresponde à justiça do futebol jogado. Esta foi pois – desengane-se quem pensar o contrário – mais uma grande noite de festa para os mais de 40 mil que estiveram na Luz. Uma festa diferente, mas não menos entusiasmante. Um caldeirão de emoções, com final feliz.
Não se fique no entanto com a ideia de que tudo – excepto Peiser – foi perfeito para o Benfica. Para além da constatação de que sem Cardozo o Benfica perde parte significativa da sua eficácia ofensiva (Nuno Gomes fora de forma, e Keirrison fora do futebol da equipa, não garantem a necessária presença na área) aqueles três minutos de compensação deixaram muito a desejar em termos de segurança defensiva, numa fase em que bastava segurar a bola longe da baliza para que rapidamente o árbitro apitasse. Aspectos que Jorge Jesus terá de rever com a equipa, sabendo-se que se aproximam os grandes clássicos, para os quais tenho algum receio do sector esquerdo da defesa encarnada (sobretudo quando apanhar Hulk pela frente).
Por falar em árbitro, diga-se que Lucílio Baptista não foi desta vez protagonista. Não houve casos, e assim de repente não me lembro de um único erro cometido pelo setubalense. Mas na televisão apenas vi o golo.
Por fim deixo uma nota para a postura da Naval. Defendeu, estacionou o autocarro em frente da baliza, prescindiu de qualquer acção ofensiva, mas não simulou lesões, não agrediu ninguém, não queimou tempo em demasia. E assim, podia ter empatado o jogo. Se houvesse quatro pontos em disputa, a equipa de Inácio mereceria um deles.
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