Foi um profissional de excepção e um dos melhores guarda-redes do Benfica nos últimos anos. Apanhou o clube da Luz no pior período do seu historial, e ainda assim ficou na memória dos adeptos como aquele que afastara males maiores. Só algum azar com as lesões impediu que a sua carreira posterior tivesse chegado tão longe quanto as suas capacidades anunciavam.
Lembro-me bem da sua frieza na baliza, tão contrastante com o insuportável calor da dor que agora o fez desistir de tudo. Nunca sorria, o que sempre atribuí à espartana mentalidade alemã – sobretudo de leste, como era o caso. Recordo-me como entrava em campo, e de rosto fechado acenava aos adeptos batendo duas palmas para cada lado da baliza.

Substituiu Preud’Homme – talvez o melhor guarda-redes que alguma vez jogou em Portugal -, e, mesmo muito jovem, rapidamente o fez esquecer. Terá sido esse o seu maior título no Benfica.
Teve alguns momentos menos felizes. Lembro-me de um “frango” com o Dínamo de Bucareste numa noite chuvosa na Luz (uma das maiores chuvadas que apanhei, sem protecção, num estádio de futebol). Lembrarmo-nos de um “frango”, de um só “frango” de um qualquer guarda-redes, é, diga-se, bem revelador da sua qualidade.
Esteve em Vigo, mas, por extraordinário que pareça, saiu inocente da derrocada. Esteve no sexto lugar de 2001, mas também aí não merece quaisquer culpas - pelo contrário, o que teria sido sem ele? Segurou com as suas mãos algumas vitórias sobre o Sporting (aquela do livre de Sabry, a dos 3-0 com José Mourinho) e sobre o FC Porto (uma também com pontapé do egípcio, outra com dois golos de Van Hooijdonk). Faltou-lhe uma melhor equipa à sua frente para que o registo pudesse apresentar outro colorido quanto a títulos. Era um dos únicos quatro grandes jogadores que o Benfica tinha na altura, como refere o "Special One" na sua biografia.
Lamentei a sua saída, mas percebia que, face àquele Benfica, tivesse outras ambições. Chegou ao Barcelona, à selecção da Alemanha, mas infelizmente não atingiu, nem na Catalunha, nem na Mannschaft, o nível que prometia. E foi no campeonato do seu país que voltou às grandes exibições.
Dizia-se que queria voltar ao Benfica. Julgo que ainda tinha uma casa perto de Lisboa. Não foi possível regressar.
O sofrimento da perda de uma filha – porventura o mais duro teste de resistência que um homem pode ter de enfrentar na vida –, ter-se-á revelado demasiado pesado para ele.
Parte aos 32 anos, mas continuará presente na nossa memória.
Descansa em paz, Robert.
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