
Como se previa, o jogo não foi fácil. O Sporting, talvez por ter pouco a perder, entrou muito bem na partida, e realizou uma primeira parte deveras interessante – não tanto pelas oportunidades criadas (que não foram muitas), mas mais pela forma como manietou o Benfica, e lhe atou quase todos os movimentos da sua fase de construção ofensiva.
Tapando os flancos, e pressionando com grande agressividade no corredor central, a equipa de Carvalhal teve o mérito de assumir, desde o início, que o adversário lhe era superior, e que, antes de qualquer outra coisa, seria necessário não deixar jogar. Sabe-se que, privilegiando o reforço do meio-campo (numa espécie de 4-2-3-1 já testado noutras ocasiões), Liedson acaba por ser o principal sacrificado, pois sem companhia, sem bola e sem oportunidades para alvejar a baliza, o levezinho perde preponderância, e, com isso, a capacidade ofensiva do Sporting esfuma-se quase por completo. Mas esta era a estratégia possível para uma equipa que, dando espaços ao rival, corria o sério risco de sair da Luz vergada a um resultado humilhante. Segurando a bola, o adversário e o jogo, fazendo correr os minutos, cortando espaços, o Sporting ia enervando o anfitrião, e até podia, num golpe de sorte, marcar o golo que lhe valesse um saboroso triunfo.
Do outro lado da barricada, Jorge Jesus optou surpreendentemente por Eder Luís como substituto do ausente Saviola, deixando Pablo Aimar no banco. Procurava assim aproximar, ao máximo, a sua equipa do modelo através do qual lhe tínhamos visto a sua mais bonita cara, evitando cair nos erros de Liverpool. Só que Eder Luís não é Saviola, e, com um futebol ainda demasiado abrasileirado, acabou por se tornar presa fácil para a pressão do meio-campo leonino (designadamente do experiente Pedro Mendes), deixando Cardozo sozinho na dura batalha com os centrais. Sem Saviola, com Aimar no banco e Di Maria desinspirado (e muito marcado), o poder criativo do Benfica ressentiu-se seriamente. Para além disso, a cada bola perdida, a cada passe transviado, recrudescia a tensão nervosa resultante da responsabilidade do jogo, e do perigo de uma eventual derrota.
Sem golos e com pouco futebol, as equipas regressaram aos balneários. E se naquela altura me vendessem o empate, confesso que, a avaliar pela forma acorrentada como decorria o jogo, tendo em conta o drama que uma derrota poderia trazer consigo, talvez o tivesse comprado. Seria, viu-se depois, uma precipitação.

O jogo passou a disputar-se muito mais perto da área de Rui Patrício, as faixas laterais começaram a abrir espaços, e a teia de marcações leoninas começou a ceder. O golo benfiquista passou a estar, senão iminente, pelo menos com sérias possibilidades de vir a acontecer. Seria Óscar Cardozo - em grandes dificuldades físicas, e com a substituição preparada - a dar à sua equipa aquilo de que precisava para, enfim, se assenhoriar por completo da partida. No contexto em que aconteceu, e da forma como aconteceu, o golo tornou-se demasiado pesado para um Sporting já de alguma forma desmontado pela criatividade trazida ao jogo por Aimar. Sentiu-se que o Benfica não mais perderia o jogo, e que muito provavelmente o ganharia. Sentiu-se, porque não dizê-lo, um cheirinho a título.
Foi o próprio Aimar a fechar as contas do resultado, num momento que a sua extraordinária exibição já fazia por merecer. O jogo acabou aí, e a única dúvida seria então a de se saber se o resultado se ficava pelos 2-0, ou subiria até números mais elevados – o que, a acontecer, teria sido demasiado penalizador para um Sporting honesto, humilde e que fez o que estava ao seu alcance para dar uma alegria (a alegria suprema) aos seus apaniguados.
Ficou 2-0, ficou o Benfica com os seus 6 pontos de avanço, ficou o Benfica mais perto do título. A margem é boa, dá confiança mas, por enquanto, ainda não é suficientemente tranquila para permitir um dia mau. Uma derrota num dos próximos dois jogos (Coimbra e Olhanense em casa) deixaria os encarnados dependentes do resultado do Dragão, o que poderia tornar-se extremamente perigoso. Por isso, não são aconselháveis grandes euforias. Haverá tempo para festejar.
João Ferreira cometeu dois erros graves. Não assinalou uma grande penalidade por corte com a mão de Carriço a remate de Carlos Martins ainda na primeira parte; e não expulsou Luisão num lance que, tal como é habitual em Alvalade, irá servir de cortina de fumo para uma derrota justa, lógica, natural e indiscutível.
João Ferreira cometeu dois erros graves. Não assinalou uma grande penalidade por corte com a mão de Carriço a remate de Carlos Martins ainda na primeira parte; e não expulsou Luisão num lance que, tal como é habitual em Alvalade, irá servir de cortina de fumo para uma derrota justa, lógica, natural e indiscutível.
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